quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Possibilidades concretas de avaliar a distância

Universidade Estadual da Paraíba

Coordenação Institucional de Programas Especiais – CIPE

Secretaria de Educação a Distância – SEAD
Curso de Formação de Tutores
Orientação Pedagógica em Educação a Distância
Tutora: Milena Araújo
Cursista: Teresa Kátia Alves de Albuquerque
Data: Boa Vista-RR, 02 de Outubro de 2009.


POSSIBILIDADES CONCRETAS DE AVALIAR A DISTÂNCIA

“Não estudamos primeiro, para depois sermos avaliados. Somos avaliados enquanto estudamos, e estudamos enquanto somos avaliados”.

(DEMO, 1998, p.285).


O processo de avaliação dos cursos na modalidade a distância torna-se um desafio para o educador, porque está atrelado ao processo de mudanças que passa do sistema educacional atualmente, sendo alvo de muitas discussões em todos os segmentos de uma sociedade contemporânea. Porém, podemos considerar que a prática avaliativa em muitos cursos oferecidos a educação a distância não está desvinculada da educação presencial, conforme está prescrito na própria legislação, ou seja, Decreto no. 5.622. de 19 de dezembro de 2005, que regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996:


Art. 4o A avaliação do desempenho do estudante para fins de promoção, conclusão de estudos e obtenção de diplomas ou certificados dar-se-á no processo, mediante:

I - cumprimento das atividades programadas; e

II - realização de exames presenciais (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2009).


As avaliações presenciais podem ser realizadas de várias formas, não precisa ser necessariamente “in loco”, ou seja, com a presença do discente e docente, poderíamos citar um exemplo utilizando um recurso tecnológico: a videoconferência. Esta possibilidade é defendida por Demo (1998, p.285), no sentido de que “seria viável um diálogo ‘pessoal’ entre o orientador e seu aluno através de devida instrumentalização eletrônica que facilitasse a um ver o outro no mesmo instante”, ainda complementa: “Certamente, esta possibilidade vai prosperar no futuro e será outra facilidade”.

Percebe-se que, atualmente a forma de avaliação na educação a distância está sendo aplicada de várias maneiras e que depende da proposta pedagógica do curso apresentada pela instituição, assim como enfatiza Moran (s.d.):

A EAD atual, com a Internet, está podendo diversificar as formas de avaliação. Pode combinar momentos de avaliação a distância com os presenciais, de avaliação do conteúdo e do processo, das atividades individuais e grupais, da construção individual (pesquisa, portfólio) com a coletiva. Isso é novo e até há pouco, sem a Internet, seria muito mais difícil de realizar e gerenciar.


Na minha concepção como tutora em cursos de educação a distância, em termos de responsabilidade, considero o estudo a distância igual como os outros que são presenciais, no que diz respeito ao cumprimento das atividades. E, por levar a sério as propostas apresentadas, é que me dedico aos cursos que participo, porque sei que estou sendo acompanhada por um professor habilitado para exercer esta função, ou seja, que ministra curso on-line para alunos distantes geograficamente.

Em alguns cursos, a proposta curricular já estava disponível, neste caso, minha expectativa era maior do que aquela em que o conteúdo ia sendo disponibilizado no decorrer do curso. Uma das maiores preocupações era de não alternar nenhuma atividade, ou seja, pular a seqüência, porque a próxima era mais fácil de realizar. Neste caso, sempre procuro seguir a hierarquia das unidades/módulos disponíveis.

Um ponto que mais me chama atenção no que se refere a avaliação é exatamente a auto-avaliação, questão esta que sai dos padrões normais do ensino presencial e, por incrível que pareça, é mais difícil. Na prática, ocorre assim: realizo minhas atividades criteriosamente e depois elaboro um relatório com o que aprendi. O mais incrível, é que sempre aprendo coisas novas, através das leituras disponibilizadas e depois analisadas, interação com os professores e colegas por meio dos fóruns, compartilhamento das atividades dos colegas, etc.

Contextualizando a questão da auto-avaliação, transcrevo abaixo a solicitação aos cursistas do Curso de Especialização Arte, Educação e Tecnologias Contemporâneas/ARTEDUCA, oferecido pelo Instituto de Artes/IdA, da Universidade de Brasília/IUnB (CAMPELLO, s.d):

1. O texto do módulo e a estratégia para seu desenvolvimento.

2. O acompanhamento e apoio da tutoria.

3. O acompanhamento e apoio da coordenação.

4. Farão, também, uma auto-avaliação da participação de vocês.


Podemos verificar que, cada curso ofertado possui critérios próprios de avaliação da aprendizagem do cursista. Dentro da minha vivência em educação a distância, apresento os critérios de avaliação dos seguintes cursos:

· Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação: curso ofertado pela Secretaria de Educação a Distância/SEED - Ministério de Educação e Cultura/MEC: A avaliação deverá ser continuada, lançando mão de procedimentos e instrumentos adequados à proposta pedagógica do curso e às necessidades dos cursistas, para garantir o desenvolvimento integrado e contínuo das aprendizagens e competências. As avaliações incluirão procedimentos de auto-avaliação, avaliação a distância e presencial, participação no projeto integrador e elaboração do projeto final, conforme a certificação pretendida (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2008).

· Arte, Educação e Tecnologias Contemporâneas/ARTEDUCA-IdA/UnB, oferecido pelo Instituto de Artes/IdA, da Universidade de Brasília/IUnB (Campelo, 2006): O curso considera principalmente a uma participação com conteúdo e fundamentada na metodologia do curso, segundo Campello (2006): “A participação que esperamos deve contemplar os conteúdos a serem estudados, considerar a metodologia colaborativa e a matriz humanizante e contribuir para que os objetivos da equipe sejam alcançados”. A avaliação é representada por conceitos: SS significa uma excelente participação; MS uma boa participação; MM corresponde a uma participação apenas satisfatória; MI uma fraca participação; II fraquíssima participação; e, SR significa que não houve nenhuma participação do aluno Existe uma correspondência numérica para cada um desses conceitos, mas isso não é um dado muito relevante, visto que avaliamos mais a qualidade da participação do que o produto final dos trabalhos. É importante salientar que a participação em fóruns no processo de elaboração das atividades (individuais e colaborativas) tem um peso maior para o curso. Vale salientar que esta concepção de Avaliação Está Fundamentada Em Luckesi (s.d.), no artigo Intitulado: “Transformação da medida em nota ou conceito”.

· Curso de Formação de Tutores – oferecido pela Universidade Estadual da Paraíba/UEPB (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, 2009): A avaliação dos cursistas tomará por parâmetro as diretrizes apresen­tadas no próprio curso de capacitação que orientam adoção de uma siste­mática adequada às características do seu público alvo e ao distanciamen­to físico entre professor, tutor e aluno considerando os seguintes critérios: domínio de conteúdo, objetividade e coerência textual. Assim, pensamos em uma heterogeneidade de atividades cuja finalidade é contemplar a di­versidade do conjunto de cursistas. As médias das atividades obrigatórias correspondem a 40% da média final (possuem peso 4) e a atividade final corresponde a 60% da média final (peso 6). Assim, a fórmula para o cálculo da nota final será: Nota final = (média das notas das atividades obrigatórias x 0,4) + (nota da atividade final x 0,6).

Analisando sobre as semelhanças dos cursos citados, poderíamos destacar o processo de avaliação, sendo contínua e processual, que envolve as produções individuais e colaborativas para o processo ensino-aprendizagem pessoal, dos colegas e dos professores. Na verdade, todas as participações no Ambiente Virtual de Aprendizagem-AVA, são objetos de avaliação, o conteúdo das atividades publicadas, a forma de interação com os colegas, a pontualidade, a assiduidade, participação nos fóruns e chats, entre outros (UEPB, s.d. p. 224). Além disso, frequencia no ambiente virtual de suma importância, ou seja, se o aluno acessar o AVA apenas uma vez por semana, e apenas posta suas atividades, não estará engajado no processo proposto por esta modalidade de ensino-aprendizagem.

Alguns conceitos de teóricos serão destacados para melhor esclarecer do sobre a temática: avaliação:

Conforme Luckesi (s.d.): “O termo avaliar também tem sua origem no latim, provindo da composição a-valere, que quer dizer"dar valor a..:". Porém, o conceito "avaliação" é formulado a partir das determinações da conduta de "atribuir um valor ou qualidade a alguma coisa, ato ou curso de ação...", que, por si, implica um posicionamento positivo ou negativo em relação ao objeto, ato ou curso de ação avaliado. Isto quer dizer que o ato de avaliar não se encerra na configuração do valor ou qualidade atribuídos ao objeto em questão, exigindo uma tomada de posição favorável ou desfavorável ao objeto de avaliação, com uma conseqüente decisão de ação”.

Para Demo (1998, p.285), a avaliação é uma “...estratégia permanente de sustentação da aprendizagem formal e política do aluno, com base em diagnósticos constantes e capacidade de intervir de maneira educativa”.

O processo de avaliação na visão de Moran (s.d.), “...seja ela virtual ou presencial, deve ser continuada...”, que engloba além da participação do aluno, a “pesquisa, o desenvolvimento de projetos, a criatividade nos trabalhos, a organização e, sobretudo, a flexibilidade com que o aluno faz conexões e relações entre em diversos temas, autores e áreas de conhecimento devem ser levados em consideração na avaliação”.

Quando a questão da evasão[1] dos cursos oferecidos na modalidade a distância é tema de muita discussão atualmente. Segundo a UEPB (2009, p.214): “Várias são as causas da evasão em sistemas de EaD, mas um dos fatores mais significativos é a ineficiência do sistema tutoria”. Entretanto, a experiência na tutoria de cursos a distância, concordo em parte com este fator, porque, em vários cursos oferecidos, o tutor possui a incumbência de avaliar o cursista, desempenhando um papel fundamental neste processo nos cursos a distância, acompanha diretamente a realização e publicações das atividades, anto no aspecto quantitativo (número de mensagens postadas) como qualitativo (produção do conteúdo, interação, contribuições).

Dentro deste contexto, relaciono outros fatores que podem influenciar, dos quais constatei no Curso de Especialização do Programa de Formação Continuada em Mídias (Albuquerque, 2007):

· o Estado não atendeu a alguns critérios básicos para a seleção dos cursistas (possíveis desistentes);

· faltou apoio para o acesso dos professores aos Laboratórios de Informática;

· alunos professores com pouca noção de Informática, Internet;

· alguns professores já possuem e/ou estão cursando concomitantemente outros cursos de pós-graduação Latu Sensu;

· professores que não estão atuando em sala de aula;

· cursistas que não apresentam o perfil de aluno “on-line”; e

· atraso no recebimento do recurso didático (CDs), culminado em desinteresse.

Os fatores acima citados, no entanto, não desmotivam os tutores, visto que várias ações são realizadas objetivando a recuperação dos cursistas evadidos e/ou desistentes, dentre os quais podemos citar:

· acompanhamento da participação dos cursistas;

· envio e reenvio de e-mails para os cursistas ausentes, incentivando-os a continuar no curso, informando-lhes sobre as atividades atrasadas, bem como solicitando a sua realização;

· contatos por telefones e presenciais;

· realização de encontros presenciais;

· publicação de notícias no Ambiente Virtual de Aprendizagem/AVA;

· realização de videoconferência; e

· conversa online (chat).

Estas ações realizadas em conjunto com a equipe de profissionais que trabalham com a educação a distância, têm como objetivo evitar a evasão nesta modalidade de ensino, em contrapartida, todos (em especial os cursistas) devem estar cientes de que as instituições envolvidas neste processo, estão em busca de oferecer um ensino de qualidade em todos as modalidades no âmbito nacional.

Em termos de Ead, poderia enfatizar que, o aluno é principal responsável pelo seu aprendizado, e para isso, a autonomia torna-se fundamental para o sucesso acadêmico.



[1] O termo evasão escolar, segundo Duarte (1986, p.76), se dá pelo “Abandono da escola [ou] antes do término do curso”. DUARTE, Sérgio Guerra. Dicionário Brasileiro de Educação. Rio de Janeiro: Antares: Nobel, 1986.


REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Teresa Kátia Alves de. Relatório do Ciclo Básico do Programa Mídias na Educação/RR/2006-2007. Boa Vista-RR, 2007. Não publicado.

CAMPELO, Sheila. Avaliação do Módulo 1. Disponível em: . Acesso em: 06 ago. 2007.

DEMO, Pedro. Questões para a Teleducação. Vozes. Petrópolis-RJ, 1998.

DUARTE, Sérgio Guerra. Dicionário Brasileiro de Educação. Rio de Janeiro: Antares: Nobel, 1986.

LUCKESI, Cripiano Carlos (s.d.). Verificação ou Avaliação: O Que Pratica a Escola?Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_08_p071-080_c.pdf>. Acesso em: 24 set. 2009.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Projeto Básico do Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação. Disponível em: http://www.eproinfo.mec.gov.br. Consultado em: 05/05/2008.

MORAN, José Manuel. Avaliação do Ensino Superior a Distância no Brasil. S.d. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/avaliacao.htm>. Acesso 20 set. 2009.

MORAN, José Manuel. O que aprendi sobre avaliação em cursos semi-presenciais. Disponível em: < http://www.eca.usp.br/prof/moran/aprendi.htm >. Acesso 30 set. 2009.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Decreto Nº 5.622, de19 de Dezembro de 2005. Disponível em: , Acesso em: 25 set. 2009.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA. Curso de Formação de Tutores: Orientação Pedagógica em Educação a Distância: Manual do Aluno. Disponível em: . Acesso em: 17 jun. 2009.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA. Cômo avaliar à distância? s.d. p.224. Disponível em: . Acesso em: 17 jun. 2009.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA. Curso de Formação de Tutores: Orientação Pedagógica em Educação a Distância: Papéis dos atores: O tutor e a Avaliação. s.d. p.214 Disponível em: . Acesso em: 17 jun. 2009.


Nenhum comentário:

Postar um comentário